Na contramão da greve dos Correios, setor privado mira expansão
Contrários à suspensão de 70 cláusulas do acordo coletivo firmado no ano passado, os funcionários dos Correios decretaram greve nacional na noite do último dia 17. Completadas duas semanas da decisão, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) propôs um acordo que prevê a renovação das 79 cláusulas vigentes do acordo coletivo da categoria com a possibilidade de vetar reajustes nas cláusulas econômicas. A estatal, por sua vez, negou, e o impasse se manteve. Com o monopólio da entrega de correspondências nas mãos e a responsabilidade por grande parte das entregas do e-commerce, a paralisação teria potencial para comprometer o bom funcionamento desses negócios, sobretudo numa pandemia.
É justamente esse espaço que as operadoras logísticas privadas querem preencher, com a renovação de frotas e a modernização dos processos, ainda que admitam que não seja possível competir nos preços. “A atividade dos Correios é garantida pela Constituição, portanto, nem entrarei nesse mérito, mas o que nós enfrentamos no setor privado é uma concorrência desleal. Os Correios não pagam tributos, impostos e não param em barreiras fiscais, por exemplo. Participam do mesmo ecossistema que o nosso mas com vantagens indevidas”, afirmou Cesar Meireles, diretor-presidente e CEO da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (Abol).
O setor enxerga no e-commerce e no agronegócio a lacuna necessária para garantir o crescimento. A maior presença do comércio eletrônico no cotidiano dos brasileiros é um reflexo da mudança de comportamento dos consumidores, acelerada pela pandemia de coronavírus. No primeiro semestre de 2020, as vendas cresceram 47% na comparação com o mesmo período de 2019 e, além disso, houve uma expansão de 40% no número de usuários, o que fez o Brasil alcançar a expressiva marca de 41 milhões de adeptos do comércio eletrônico, de acordo com uma pesquisa realizada pela Ebit Nielsen, em parceria com a Elo.
Fonte: Veja